sexta-feira, 22 de março de 2013

Falta de água de qualidade mata uma criança a cada 15 segundos no mundo, revela Unicef

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A cada 15 segundos, uma criança morre de doenças relacionadas à falta de água potável, de saneamento e de condições de higiene no mundo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene, segundo representantes de outros 28 organismos das Nações Unidas, que integram a ONU-Água.
No Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, documento que a ONU-Água divulga a cada três anos, os pesquisadores destacam que quase 10% das doenças registradas ao redor do mundo poderiam ser evitadas se os governos investissem mais em acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico. As doenças diarreicas poderiam ser praticamente eliminadas se houvesse esse esforço, principalmente nos países em desenvolvimento, segundo o levantamento. Esse tipo de doença, geralmente relacionada à ingestão de água contaminada, mata 1,5 milhão de pessoas anualmente.
No Brasil, dados divulgados pelo Ministério das Cidades e pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico, mostram que, até 2010, 81% da população tinham acesso à água tratada e apenas 46% dos brasileiros contavam com coleta de esgotos. Do total de esgoto gerado no país, apenas 38% recebiam tratamento no período.
Há poucos dias, a organização da sociedade civil Trata Brasil divulgou levantamento que confirma a relação entre a falta de saneamento e acesso à agua potável e os problemas de saúde que afetam principalmente as crianças. O Ranking do Saneamento levantou a situação desse serviço  nas 100 maiores cidades do país, considerando a parcela da população atendida com água tratada e coleta de esgotos, as perdas de água, investimentos, avanços na cobertura e o que é feito com o esgoto gerado pelos 77 milhões de brasileiros dessas localidades (40% da população brasileira).
O levantamento mostrou que a política em “grande parte das maiores cidades do país avança, mesmo lentamente, nos serviços de saneamento básico, sobretudo no acesso à água potável, à coleta, ao tratamento dos esgotos e à redução das perdas de água”.
Os pesquisadores destacaram, porém,  que existe um número expressivo de municípios de grande porte que não avançaram nesses investimentos.
De acordo com os pesquisadores, do volume de esgoto gerado nas 100 cidades, somente 36,28% são tratados, ou seja, apenas nas cidades analisadas, quase 8 bilhões de litros de esgoto são lançados todos os dias nas águas sem nenhum tratamento. “Isso equivale a jogar 3.200 piscinas olímpicas de esgoto por dia na natureza”.
Os órgãos das Nações Unidas revelam que, no mundo, o despejo de 90% das águas residuais em países em desenvolvimento – em banhos, cozinha ou limpeza doméstica – vão para rios, lagos e zonas costeiras e representam ameaça real à saúde e segurança alimentar no mundo.

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