domingo, 27 de abril de 2014

Itep enterrou 169 indigentes em 4 anos

Igor Jácome - Repórter

Ao lado do túmulo oito da quadra quatro, no Cemitério do Bom Pastor II, jaz 01.1530.10/12. O número, impessoal, é a única identificação do ser humano que um dia teve nome,  personalidade e foi considerado alguém pelo Estado.  O indigente, se um dia foi registrado, permanece oficialmente vivo para a nação, apesar de descansar anônimo em uma vala coberta pelo mato desde meados de 2013.

Ao menos outras 168 pessoas, além desse indivíduo, foram inumadas pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) de 2009 até o primeiro trimestre deste ano, na região metropolitana de Natal. Os dados foram colhidos pela reportagem em consulta aos livros de registro dos cemitérios do Bom Pastor I e II, onde o município destinou espaços para o Itep colocar esser corpos. De acordo com o órgão, não existe controle de casos nas gestões anteriores. 
Rayane MainaraCemitério Bom Pastor é o que mais recebe corpos de indigentes 
 Cemitério Bom Pastor é o que
mais recebe corpos de indigentes

São corpos que chegaram ao instituto sem qualquer documento, nem foram reclamados por parentes ou amigos durante longo período. Os dígitos usados para identificação são os mesmos do laudo pericial que apontou a causa da morte daquele homem ou mulher, bem como suas características físicas. Se um dia forem procurados por familiares, os restos mortais poderão ser reconhecidos através de fotos ou digitais. Com autorização judicial, ainda é possível fazer teste de DNA, a partir de amostras colhidas antes da inumação.

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